Contavam
os mais antigos que aqui o que havia era mato, castanheiros e oliveiras, e que
pinheiros, só existia um na Lameira, para os lados da “Lagoa” que foi cortado
para fazer uns teares para o Castelo, ficando o local a ser conhecido até hoje
por “Teares”.
Mas
foi nas primeiras décadas do século passado, em toda a zona circundante da aldeia,
nas encostas dos montes, que foram crescendo pinhais dos quais era aproveitada
a madeira e extraída a resina
(para pez louro e aguarrás),
principais fontes de receita das famílias que com esse dinheiro mantinham a
casa durante o ano, pagavam as obras nas habitações e ajudavam os filhos quando
casavam. A resinagem e a exploração de produtos resinosos tiveram, nos anos 40,
um significativo incremento nesta região, pois foi a partir dessa data que o
pinhal atingiu um crescimento que a permitia, embora o ciclone de 15 de
Fevereiro de 1941 tenha deixado
um rasto de destruição em que foram derrubados pelo vento grande parte dos pinheiros do
Castelo.
As
operações de resinagem tinham o seu início em 1 de Março e terminavam a 30 de
Novembro, mas o “descarrasque” podia iniciar-se logo em Fevereiro. Consistia
essa preparação em aparar ou descascar a “estoura” (carcódia do pinheiro) no
local onde ia ser feita a sangria. Depois colocavam-lhe as bicas, um rectângulo
de metal, que servia de bica à resina, e espetavam as estacas, suporte para o
“cacaréu”, o púcaro de barro vermelho.
Estava
pronta a primeira fase da operação. Depois, já no Verão, era feita a “renovagem”
que consistia em fazer uma ferida no pinheiro, de uns 9 cm de largura e 20 cm de altura. A partir
desse momento a resina começava a cair para a bica e desta para o púcaro. Esta
operação da renovagem, “ir à volta”, era feita de 4 em 4 dias no sistema
francês e de 13 em 13 dias no americano, e a sangria ia sempre aumentando.
Esta
actividade teve no Castelo uma grande importância como se pode depreender pela
extensa lista de habitantes do Castelo que pagaram contribuição industrial
(grupo C) como empresários de extracção de seiva do pinheiro. Foram eles,
Anacleto Pereira, João Dias, Joaquim Marques da Silva, Manuel Cêpa, Delfim
Marques, João António Luís, Leal da Silva Dias, Manuel da Silva, António
Barbeiro, Artur Lobo, Francisco Pina Dias Antunes, João Lobo, Joaquim Marques
Morgado, Joaquim Mira Egreja, Manuel Morgado Novo, João Sebastião, Joaquim
Lobo, António Marques Janela, António Morgado Novo, José Lourenço, Manuel
Marques da Silva, Manuel Egreja, António Marques, João Barbeiro, Manuel Pedro e
Joaquim Pedro.
Não
esqueçamos porém que cada um destes empresários tinha um grupo de resineiros
mais ou menos vasto, conforme as propriedades florestais contratadas e exploradas,
o que envolvia seguramente muitas dezenas de trabalhadores.
A
indústria das resinas foi, a pouco e pouco, decrescendo pelas condições
criadas pela concorrência internacional,
acabando definitivamente a actividade dos resineiros em resultado da
extensa área de pinhal ardida nos anos de 1991
e 2003, incêndios que destruíram de forma criminosa e impune a quase totalidade
dos pinhais desta região, lançando na miséria as populações.
Excelente trabalho sobre "Soldados do Castelo na 1ª Grande Guerra (1914-1918" será que é possível saber como obtiverem as FOTOS os ex-militares do CEP tal como consta do v/descritivo ? Gostaria de aceder a fontes que porventura tenham consultado se puderem indicar agradecemos.
ResponderEliminarParabéns pelas MEMÓRIAS VIVAS de tão NOBRE testemunho. Muito obrigado.Libanio Martins (Tm.: 96 390 2404).https://www.facebook.com/libanio.martins.7
Olá Mário!
ResponderEliminarConheço essa tal de Maria Machado! Ela casou com o António Tropa Alves. Será que pode dar-me a morada deles? Precisava falar com eles.